Essa semana, estava pensando em escrever sobre outro assunto, mas não pude evitar: falo da morte de mulheres, de novo, de feminicídio, porque acredito que precisamos falar e agir, todas e todos em nome de um bem maior: a vida das mulheres em nosso país. Fui procurada por Bruna Homrichdo, jornalista da Sedufsm, a respeito desse assunto; a matéria estava vinculada ao ato que ocorreu dia 11, referente à morte da santa-mariense Isadora Viana, ocorrida em Santa Catarina. A matéria ficou excelente. Foi o que me fez escrever de novo, porque são necessárias repetições, esclarecimentos e alertas sobre a morte de mulheres.
Todos os dias, sem exceção, vemos na mídia que mulheres são mortas por maridos, ex-maridos, namorados, ex-namorados etc. São tantas notícias que não podemos admitir que isso "se naturalize". Homens matando mulheres de forma violenta: facadas, tiros, mulheres grávidas, a atrocidade dos atos nos chocam e nos fazem sentir a dor de todas essas famílias que tiveram suas filhas, irmãs, tias, mães, retiradas de forma violenta por homens que as subjugaram, isolaram, atormentaram, violaram.
Essas mortes têm uma causa em comum: o machismo. Não podemos admitir mais manchetes de jornais ou qualquer comentário do tipo: "crime passional".
Isso está ultrapassado, faz parte de um passado vergonhoso, o mesmo que admitia as mulheres serem mortas em "legítima defesa da honra", tese jurídica falida. "Passional" está ligado a paixão, a amor, e matar uma mulher que faz ou fez parte da vida de um homem. Em absolutamente nada tem a ver com amor. Homem que mata mulher e diz que foi por amor está ignorando qualquer regra de bom senso ou inteligência. Ele mata por egoísmo, por não admitir um "não quero mais essa relação, não quero mais você". O feminicídio não é fato isolado, vem de um crescente de violência doméstica, de subjugação, de desdém, de ataques psicológicos e físicos, chegando ao ápice o feminicídio. Ainda agora está "na moda" a defesa dizer que o autor "surtou", "não lembra do que fez". Em todos esses anos de Deam, nunca peguei um caso em que um homem ou mulher tivesse matado a companheira e apresentasse alguma patologia psíquica ou problema comportamental grave a ponto de torná-lo incapaz, sem consciência dos atos criminosos. Alguém já ouviu falar que uma mulher que "surtou" e matou o marido por que ele não a quis mais? Pois é, sem mais comentários.
Por fim, atenção, mulheres: fujam de relacionamentos abusivos, de quem te isola de amigos e família, de ciúmes exagerados, de quem te desvaloriza, de quem te desdenha, de quem te ofende física e psicologicamente, de quem te humilha, todo esse processo pode acabar em feminicídio. As mulheres que morreram também achavam que "ele nunca seria capaz". Denuncie! Violência contra mulher é crime e a polícia "mete a colher, sim!"